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Feira infernal

  • carlessamainardi
  • 9 de set. de 2015
  • 4 min de leitura

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Mais um dia estava começando, levantei e me vesti antes de descer para tomar café. Hoje o castelo estava mais bagunçado que o normal afinal hoje era o dia, o dia da feira infernal.

Desci as escadas a passo lento afinal ainda tinha cerca de 1 hora antes de descer para o salão.

Sabia que as almas já estavam no salão a espera dos guardiões, mas eu não me importo, como guardiã, de os deixar esperando afinal eles já estão no inferno e creio que nada possa ser pior que isso. Assim que chego a mesa vejo que Lúcifer já se encontra na mesma e me recebe com um sorriso.

-Bom dia sr. Eu digo uma vez que não estamos a sós no salão

-Bom dia Ryni. diz ele e volta a conversar com um de seus generáis que esta ao seu lado fazendo um relatório sobre como se realizará a feira neste ano.

Eu nem me dou ao trabalho de prestar atenção na conversa pois sei muito bem como a feira funciona, afinal foi através dela que cheguei aqui.

Entenda, existem duas maneiras de se entrar no inferno: Uma delas é cair no rio das

lamentações assim que você morrer e acompanhar seu percurso até chegar no inferno, onde

você pode ser escolhido para trabalhar como soldado de Lúcifer, ou então, seguir com o rio até seu final e viver no Vale do Infinito que é para onde vão as almas que só procuram por paz.

Ou você pode chegar ao inferno através da Feira,que é o evento em que os Guardiões da Luz se dirigem ao inferno e trocam almas com os Guardiões infernais, ou seja, as almas que estavam no céu porém não fizeram por merecer seu lugar lá são trocadas por almas que, ao

ver dos Guardiões Infernais fizeram por merecer o perdão e o descanso no céu. Mil anos atrás eu estava no céu, porém não consegui me adaptar, sendo assim fui levada a feira e trocada por uma outra alma.

Talvez alguns de vocês pensem que isso é terrível, mas não é bem assim, no inferno foi o único lugar que eu encontrei paz. Comecei como um soldado e fui subindo na hierarquia hoje sou o que podemos chamar de braço direito de Lúcifer.

Saio de meus devaneios quando ouço meu nome ser chamado, saio de meus pensamentos e olho para meu prato ainda intocado mas, infelizmente, não tenho tempo de comer pois tenho que ir para a feira. Me levanto e sigo em direção a porta onde tomo minha posição junto com o outro guardião, que está posicionado ao lado esquerdo de Lúcifer, enquanto eu estou ao lado direito, estamos porém um passo atrás do mesmo por questão de respeito e protocolo.

Então a porta se abre e posso ver as almas tanto do céu quanto as infernais em fila lado a lado, dou uma olhada pelo canto de olho para o outro guardião que se chama Raz e vejo que ele pensa o mesmo que eu.

-Teremos um longo dia pela frente. Meu primeiro caso do dia e relativamente simples, um jovem viciado que tinha ido para o céu mas que assim como eu ele não se adaptou e foi mandado para o inferno pelo Todo-Poderoso consegui trocá-lo por uma menina de 15 anos que matou o próprio pai para proteger seus irmãos mais novos . Os casos seguintes eram no mesmo patamar e lá pelo meio da tarde a feira já estava encerrada e os guardiões da luz foram embora.

Assim que eles saíram, pedi para que as almas me acompanhassem e as levei até Lúcifer que iria decidir o futuro de cada uma delas. Elas chegaram ao salão do trono temerosas e com medo, pois tudo o que sabiam sobre Lúcifer era que ele comandava o inferno, o lugar onde as

criaturas pecadoras sofriam e se lamentavam. Mal eles sabiam que isso era apenas o cartão de

visitas que nos dávamos aos nossos visitantes. Na realidade o inferno era bem trânquilo e por

mais que se mostrasse terrível, uma terra estéril e sem vida, a realidade se mostrava bem diferente, pois uma vez que você saísse das margens do rios e chegasse ao vale você se encantaria com a beleza do lugar e com a felicidade que as pessoas ali exaltavam .

Vi Lúcifer olhar para aquelas pessoas como se fosse comê-las no café da manhã, seu olhar estava de intimidar qualquer um que não o conhece, mas eu sabia que por debaixo daquela carranca, ele estava se segurando para não gargalhar.

Após algumas horas os novos integrantes do sub-mundo foram designados aos seus novos postos, a maioria foi designada para viver no vale, porém alguns poucos foram escolhidos para soldados. Assim que levei os soldados até seus alojamentos fui para meus aposentos descansar um pouco antes do jantar.

Tomei um banho e coloquei uma calça jeans preta e uma regata também preta sabendo que em menos de duas horas eu teria que descer outra vez para o salão e encontrar com Lúcifer e o outro guardião para apresentarmos nossos relatórios sobre a feira sobre o que foi feito e também dito durante a feira , principalmente pelos enviados do céu, uma vez que vivíamos em uma trégua tenue entre nós.

Desci para o jantar quando ouvi o relógio bater, sabia que o cozinheiro não gostava de atrasos e também quanto mais cedo eu finalizasse isso, mais cedo eu iria para cama e eu realmente estava muito cansada. Assim passou mais um dia e mais uma feira infernal.

No dia seguinte nossas obrigações estariam a nossa espera e a vida continuaria como sempre, os novos moradores estariam se adaptando a nova vida, Lúcifer estaria comandando seu império, Raz voltaria para sua posição de comando das tropas no Vale, enquanto eu continuaria a ser o braço direito de Lúcifer. Enfim fui para meu quarto e caí na cama, o dia seguinte seria bem difícil, mas eu não esperava nada diferente, afinal eu estava no inferno. Com esse pensamento em mente e um sorriso nos lábios eu acabei adormecendo.


 
 
 

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